domingo, 25 de setembro de 2011

Diagnóstico de leitura, interpretação e escrita

Para avaliarmos os alunos participantes do Programa desenvolvemos dois textos, que postaremos a seguir. Daremos notícias, mais tarde, sobre a coleta e a análise dos dados colhidos.

Para os alunos do ensino fundamental e da EJA, adaptada a cada ciclo e turma.

Desaprender o quê?!

         Meu amigo, o professor João, contou um dia desses as suas aventuras ao dar aula em uma sala de telecurso, em São Paulo.
         Seus alunos eram trabalhadores da construção civil – pedreiros, armadores, carpinteiros, ajudantes – e as aulas eram no final do expediente (das quatro e meia às seis horas da tarde).
         Acostumado a lidar com crianças de uma escola pública do Morumbi, bairro rico da capital, João não tinha ideia do que iria encontrar pela frente. Na verdade, nem quis saber. Achou que estava pronto para aquele desafio e não haveria nada a aprender...
         Aí começaram as suas desventuras, o seu infortúnio, como ele mesmo narrou:
         - Eu não tive “azar”, nem fui “vítima da situação”! Eu vacilei mesmo!! Nem no canteiro de obras eu fui antes, visitar a sala de aula, conhecer os alunos, como chegaram a me convidar.
         - Sim, João, mas o que aconteceu exatamente?! – perguntei, curioso.
         - Logo nos primeiros minutos de aula eu percebi quem eles eram: sabiam falar muito bem e escreviam o suficiente para me deixar desnorteado. O líder da turma me pediu licença para dar alguns recados. Ao terminar ele deixou um resumo no canto do quadro:

        Desafios da desaprendizagem:
            . deixar de falar da vida alheia
            . aprender a comentar sobre coisas importantes

       - E aí, João, o que você fez?!
         - Eu tive que esquecer todo o meu plano de aula, meu roteiro de atividade para aquela aula e comecei ali mesmo a desaprender para aprender alguma coisa sobre educação de jovens e adultos...
         - O que você teve que desaprender primeiro?
         - Olha, meu amigo, não posso continuar a conversa, pois tenho uma reunião daqui a dez minutos. Amanhã eu continuo a conversa e te conto! Mas, até lá, você poderá imaginar e até escrever sobre isso, se você quiser.
         Eu até tentei, mas não passou disso:
         “A primeira coisa a desaprender quando iremos ensinar pessoas ricas de experiências de vida é...

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Menino...

        Quando eu era criança tive uma professora na antiga 4ª série, que criou calo nos dedos de tanto recortar revista e jornal.
        Ela carregava as palavras e as imagens recortadas em uma mala velha.
        Toda aula ela abria a mala e cada aluno tinha que ir lá buscar uma imagem e uma palavra. Dá para imaginar a festa que era! 
        Mas ninguém podia escolher – tinha que fechar os olhos e pegar...
        Depois a gente escrevia e ilustrava as histórias que íamos criando – algumas sem pé nem cabeça...
        Um dia eu tirei uma imagem bem diferente, como você pode ver... A palavra era fácil de ler e entender. Mas como criar uma história?!
            Eu me lembro bem do início da história que criei. Mas só do comecinho. O resto eu esqueci. Mas você me ajudar a continuar!
    Era uma vez um menino que morava ___________________________. Ele era muito pobre e sua família não tinha dinheiro para nada! Ele queria muito ir para a escola. Mas descalço? Então...


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sábado, 3 de setembro de 2011

Oficina do Livro-Carta-Mural

A oficina do livro-carta na EMEIEF São Miguel foi muito produtiva!

Vejam aí o plano de aula do primeiro capítulo de O Menino e a Palavra focando a atividade (brincadeira/desafio/exercício) da Língua do Pê. 

Destaque:

. objetivo
- treinar a fala e estimular a criatividade, envolvendo o lúdico na aprendizagem

Em outra postagem mostraremos a aplicação prática desta brincadeira!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Concurso Tirando de Letra no forno

A partir da brincadeira do Stop (Adedonha) promoveremos um concurso no decorrer deste semestre nas escolas adesas ao programa livro-carta-mural.

Veja abaixo o novo leiaute do Stop.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Fruto da oficina com os professores da EMEF 12 de Outubro

Esboço de um plano de aula a partir da brincadeira do Stop (Adedonha) presente no 5º capítulo de O Menino e a Palavra

Tema transversal: educação para a saúde

- Fruta/Verdura/Legume (FVL)
  . hábitos saudáveis
  . higiene dos alimentos e corporal
  . prevenção de doenças como as verminoses
  . possibilidade de ser criar a categoria doenças no Stop

- Abordar as doenças regionais

Transdisciplinaridade

Língua Portuguesa
- gramática / ortografia
- nomes próprios / substantivos / adjetivos
- ordem alfabética

História/Geografia
- Cidade/Estado/País (CEP)
- frutas regionais

Matemática
- soma e subtração
- noção de conjunto
- relação de igualdade
- números decimais (correção dos pontos e subtração dos erros ortográficos)
- problema em torno do troco (compra e venda de frutas/verduras/legumes)

Ciência
- a importância das hortaliças e das frutas

stop-adedonha

3ª edição do Livro-Carta-Mural nas escolas municipais de Porto Velho

Estamos reiniciando o trabalho junto às escolas municipais de Porto Velho.

Atenderemos alunos do ensino fundamental (3º ao 5º ano) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

A oficina de formação dos professores já se iniciou nesta semana (15 a 19 de agosto).

Estivemos na escola 12 de Outubro. A recepção foi a melhor possível. 

Vejam as fotos:


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Matéria sobre o livro-carta-mural no site da Livraria SBS

Tempo de maturação: o método livro-carta e o incentivo à leitura e produção textual em escolas municipais de Porto Velho, Rondônia, Amazônia Ocidental... 

Abel Sidney

O título acima indica que este texto se assemelha a um ensaio. E é este mesmo o formato que escolho para trocarmos dois dedos de prosa sobre o “livro-carta”.

Neste ano de 2011 estamos no terceiro ano de aplicação do Programa de Incentivo à Leitura e Produção Textual Livro-Carta-Mural junto aos alunos da rede pública municipal de Porto Velho. Dez escolas, 3500 alunos, tendo-se como público-alvo crianças do 3º ao 5º ano e jovens e adultos da EJA/Ensino Fundamental.

Em síntese, o programa lança mão das estratégias do folhetim na apresentação das narrativas a serem lidas e trabalhadas a partir do lema ler e escrever com prazer. Estas narrativas são lidas coletivamente; em sala de aula (com material personalizado) e chega, por fim, à casa de cada aluno. Simples assim!

Entre o primeiro esboço do formato (ou gênero) livro-carta, em 1997, em carta dirigida ao meu filho e a presença do material lúdico-literário-pedagógico nas escolas, lá se vão 14 anos!

Um pouco antes eu havido me mudado de Ji-Paraná para São Miguel do Guaporé; de lá retornei a esta primeira cidade, de onde me mudei para Porto Velho, cumprindo uma sina de andarilho (cinco estados e dez cidades).

Entre as mudanças de cidade, as de ocupação e emprego: de professor e servidor público a empresário; de empresário a servidor público; de servidor público a professor; de professor e empresário a servidor público, empresário e escritor...

Em São Miguel do Guaporé, na época uma cidade com pouco mais de 5 mil habitantes, retomei a escrita, que ficara latente, desde os tempos da universidade, aguardando possivelmente “tempo propício”... O tempo havia chegado. Nasceriam ali os contos do meu primeiro livro: Esboço da obra-da-vida-inteira, lançado em 2003, pela editora da Universidade Federal de Rondônia.

Ao Esboço juntei uma narrativa em livro-carta, a primeira a ser publicada: As pernas curtas de Dona Mentira, que hoje aguarda recursos para ganhar edição própria.

Em setembro de 2006, em Porto Velho, foi realizado o primeiro teste piloto do Livro-Carta-Mural, na Escola Estadual Juscelino Kubitschek, com 570 alunos.

A ideia do mural nasceu do propósito de partilhar a leitura entre outros alunos, professores, técnicos e demais integrantes da comunidade escolar – além dos alunos e professores que, de modo direto, trabalhariam com as narrativas em sala de aula.

Neste piloto, não só o gênero se tornaria exitoso, mas também a ideia da partilha pública, que ocorreu originalmente com O menino e a palavra, narrativa com onze capítulos, apresentada ao público-leitor como uma novela - um capítulo por dia sendo afixado no mural e entregue em sala de aula.

Em 2007, realizamos mais pilotos em escolas estaduais e municipais, aprimorando o método.

Em 2008, o desafio foi elaborar quatro conjuntos de narrativas que foram trabalhadas como material de apoio literário-pedagógico em cursos semi-profissionalizantes do Senac-RO.

Público-alvo: adolescentes em risco social e sob tutela do Conselho Tutelar e três grupos de mulheres inscritas no Programa Bolsa Família. Novo êxito.

Em 2009, finalmente, conseguimos promover as primeiras experiências em escala maior, junto a cinco escolas municipais, tendo ultrapassado a marca dos dois mil alunos.

As maiores surpresas, nestes tempos de maturação do livro-carta-mural, aconteceram em 2010.

O intenso entusiasmo dos alunos pôde ser percebido nos protestos dos alunos das turmas do 1º e 2º anos, que não foram inclusos no programa e acompanharam as narrativas no mural, também tomando contato com “o material personalizado” que seus irmãos e colegas recebem – com seus nomes impressos em cada capítulo e principalmente com as “brincadeiras e desafios” existentes apenas nesta versão do material.

O envolvimento das turmas e de cada aluno em particular culminou em situações como a da reversão da expectativa da reprovação de dois alunos que, segundo a professora, caminhavam a passos seguros nesta direção... Nos primeiros dias do trabalho com a narrativa Descobrindo a grande família estes alunos perceberam que deixariam de se divertir, de vivenciar a expectativa do próximo capítulo, de interagirem com a própria família (na elaboração da árvore genealógica) e “pediram socorro” à professora, reconhecendo suas limitações e aonde desejavam chegar para se equipararem aos colegas na participação das atividades de leitura e escrita.

Bem, a conversa vai se encerrando por aqui... Como não temos ainda condições, por ora, de expandir o programa para outras regiões, temos deixado de divulgá-lo mais intensamente.

Quem desejar mais bem conhecê-lo há alguns esboços no meu blog (abelsidney.blogspot.com) e também estou à disposição para envio de amostras do material e dos relatórios relativos à aplicação do programa (abelsidney@gmail.com). Do mesmo modo, temos desejado que os acadêmicos (professores e alunos) demonstrem interesse em tomá-lo como “objeto de estudo”. Até mais ver!

Biodata do autor

Escritor, servidor público, educador (professor "fora de sala de aula"): assim se define este autor, que tem desenvolvido recursos "lúdico-literário-pedagógicos" para tornar a prática da leitura e da escrita mais que um hábito, um prazer. Depois de ter morado em quatro estados e nove cidades, acabou por fixar-se em Porto Velho, Rondônia, onde tem experimentado as potencialidades do Livro-Carta-Mural, programa de incentivo à leitura e produção textual. Formou-se em Ciências Sociais e Administração de Empresas, trabalhou durante muitos anos na área de informática, descobriu a educação e a literatura e segue buscando trilhas novas para a arte-educação. Acredita piamente que um dia sairá "do limbo" e deixará algumas contribuições importantes na área em que está militando.

Fonte: Livraria SBS (Special Books Services)
http://www.sbs.com.br/virtual/etalk/index.asp#