Para os alunos do ensino fundamental e da EJA, adaptada a cada ciclo e turma.
Desaprender o quê?!
Meu amigo, o professor João, contou um
dia desses as suas aventuras ao dar aula em uma sala de telecurso, em São
Paulo.
Seus alunos eram trabalhadores da
construção civil – pedreiros, armadores, carpinteiros, ajudantes – e as aulas
eram no final do expediente (das quatro e meia às seis horas da tarde).
Acostumado a lidar com crianças de uma
escola pública do Morumbi, bairro rico da capital, João não tinha ideia do que
iria encontrar pela frente. Na verdade, nem quis saber. Achou que estava pronto
para aquele desafio e não haveria nada a aprender...
Aí começaram as suas desventuras,
o seu infortúnio, como ele mesmo
narrou:
- Eu não tive “azar”, nem fui “vítima
da situação”! Eu vacilei mesmo!! Nem no canteiro de obras eu fui antes, visitar
a sala de aula, conhecer os alunos, como chegaram a me convidar.
-
Sim, João, mas o que aconteceu exatamente?! – perguntei, curioso.
- Logo nos primeiros minutos de aula eu
percebi quem eles eram: sabiam falar muito bem e escreviam o suficiente para me
deixar desnorteado. O líder da turma me pediu licença para dar alguns recados.
Ao terminar ele deixou um resumo no canto do quadro:
Desafios da desaprendizagem:
. deixar de falar da vida alheia
. aprender a comentar sobre coisas
importantes
- E aí, João, o que você fez?!
- Eu tive que esquecer todo o meu plano
de aula, meu roteiro de atividade para aquela aula e comecei ali mesmo a desaprender para aprender alguma coisa
sobre educação de jovens e adultos...
- O que você teve que desaprender primeiro?
- Olha, meu amigo, não posso continuar
a conversa, pois tenho uma reunião daqui a dez minutos. Amanhã eu continuo a
conversa e te conto! Mas, até lá, você poderá imaginar e até escrever sobre
isso, se você quiser.
Eu até tentei, mas não passou disso:
“A primeira coisa a desaprender quando iremos ensinar
pessoas ricas de experiências de vida é...
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Menino...
Quando eu era criança tive uma
professora na antiga 4ª série, que criou calo nos dedos de tanto recortar revista e jornal.
Ela carregava as palavras e as imagens
recortadas em uma mala velha.
Toda aula ela abria a mala e cada aluno
tinha que ir lá buscar uma imagem e uma palavra. Dá para imaginar a festa que era!
Mas ninguém podia escolher – tinha que
fechar os olhos e pegar...
Depois a gente escrevia e ilustrava as
histórias que íamos criando – algumas sem pé nem cabeça...
Um dia eu tirei uma imagem bem diferente,
como você pode ver... A palavra era fácil de ler e entender. Mas como
criar uma história?!
Eu me
lembro bem do início da história que criei. Mas só do comecinho. O resto eu
esqueci. Mas você me ajudar a continuar!
Era uma vez um menino que morava ___________________________. Ele
era muito pobre e sua família não tinha dinheiro para nada! Ele queria muito ir
para a escola. Mas descalço? Então...
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